A vida de uma mulher não é uma linha reta. Todas nós passamos por fases, e em cada uma delas é possível se perder, se reinventar, se projetar ou se reconectar. Depois do turbilhão da adolescência, a busca por um diploma ou o primeiro emprego, encontrar ou não um parceiro de vida, ser mãe ou não, perseguir o sucesso ou redefinir prioridades, afirmar-se na carreira ou se redescobrir em outro caminho… Em cada etapa da vida, nosso estilo pessoal pode evoluir, se transformar, estagnar ou florescer, dependendo das escolhas que fazemos e dos caminhos que seguimos.
No entanto, algo sempre me surpreende: ao enviar meu questionário de reflexão sobre estilo antes das sessões de consultoria, percebo que poucas mulheres escolhem adjetivos ligados à sensualidade. Esse questionário é uma introdução à reflexão sobre o estilo pessoal e inclui mais de 70 adjetivos. Ainda assim, raramente minhas clientes escolhem palavras que expressem sensualidade.
Isso, na minha visão, reflete o peso das normas sociais. O estilo sensual muitas vezes é percebido como provocativo ou desrespeitoso. Mas o objetivo deste artigo não é questionar as razões disso – se estão ligadas à moral, normas religiosas, cultura patriarcal ou modelos femininos.
Não, o que quero aqui é compartilhar com vocês minha reflexão sobre como me reconectei com a minha própria sensualidade.
Lembre-se de que a sensualidade, em seu significado mais puro, é “o que se relaciona com um caráter voluptuoso, um temperamento ou uma vontade de buscar satisfação dos sentidos e proporcionar prazer”. Trata-se, portanto, de uma relação física com o corpo.
No início de 2024, percebi que meu estilo pessoal era praticamente nulo em termos de expressão da sensualidade. Meu objetivo não era adotar um estilo extremamente sensual, mas, depois de mais de um ano sem praticar atividades físicas, senti um desejo profundo de me reconectar com meu corpo de forma mais plena e prazerosa. A dança foi o caminho que me levou a isso.
Entrar em uma sala de dança é se encantar com os corpos em movimento. É observar como cada uma de nós consegue transmitir emoções, executar passos e seguir o ritmo. É admirar a beleza do corpo em ação.
Tive a sorte de ingressar em um grupo inspirador, repleto de mulheres que me nutriram com sua energia. Minha professora, Márcia, tem mais de 60 anos, mas, ao vê-la dançar, é impossível não ficar hipnotizada pela fluidez e força de seus movimentos. Cada gesto – a posição de uma mão, um giro de quadril, um salto ou uma pirueta – transmite uma sensualidade impressionante.
Márcia escolheu para nós a coreografia de Chicago. Confesso que, quando ela anunciou o tema, eu não fiquei nada animada. Em termos de sensualidade, é algo intenso, bruto, e eu me sentia muito distante desse personagem. Mas decidi me lançar na aventura. O desafio era grande: eu era iniciante, juntando-me a um grupo já experiente, com o objetivo de um espetáculo em quatro meses.
No primeiro mês, me senti totalmente perdida e desajeitada. Enquanto eu terminava os três primeiros movimentos, o grupo já estava do outro lado da sala. Felizmente, minha amiga Anne, dançarina talentosa e coreógrafa incrível, me ajudou com uma hora de treino individual. Essa hora foi um divisor de águas: percebi que eu era capaz de aprender. No próximo ensaio, já conseguia acompanhar os 30 primeiros segundos da coreografia, e isso fez toda a diferença.
Quando alguém acredita em você, seu próprio olhar sobre si mesma muda. Nossa autoestima cresce, e a magia do grupo começa a acontecer.
Quatro meses depois, chegou a hora do ensaio geral, que foi um desastre: sem iluminação, sem cenário, com Márcia nervosa, e todas cientes de que estávamos longe do que esperávamos. Estranhamente, isso me deu mais motivação: só podíamos melhorar. No dia do espetáculo, saber que minha família estava na plateia me deu uma energia extra. Para mim, ser mãe também é inspirar meus filhos. Naquele dia, queria que eles vissem a mulher, não apenas a mãe. E, para o meu marido, queria despertar um pouco de admiração e desejo.
A apresentação foi um sucesso! Eu me senti ótima, feliz por dançar, orgulhosa de fazer parte daquele grupo. Foi perfeito? Não. Mas viver essa experiência, reconectar-me com a expressão corporal e dar vida a um personagem sensual no palco foi transformador. Não há lugar melhor do que o palco para se reinventar!
E você, como encara a sua sensualidade?